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Ter

Este é o terceiro e último artigo sobre 'disciplina' de uma série de três textos. Aprofunde seu conhecimento sobre o tema:
 

“O carinho faz a ordem chegar ao coração” (TIBA, 1996, p. 166). Vê-se então, que o trabalho do professor não é solitário, mas especificamente pode-se garantir que é um trabalho que reúne parcerias. Essas parcerias são: a sociedade, a família, a escola, os alunos unidos ao trabalho articulador do professor.
Vou destacar então as perspectivas de ação, de cada um dos parceiros envolvidos no processo da construção da disciplina:

A Sociedade: Note-se que a sociedade tem seu papel importante na construção da disciplina na escola, quando se compromete com a justiça social, desenvolvendo uma ética social, onde possam ser resgatados o valor do bem comum, da verdade, do compromisso, da solidariedade, do trabalho, valorizando a educação e seus profissionais.

A Família: Necessita-se atentar para o fato de que a família procura passar a responsabilidade da educação dos seus filhos para a escola. Uma vez detectada essa atitude, faz-se necessário o alerta da instituição educativa para a importância do esclarecimento aos pais sobre a concepção de disciplina adotada, para que se possa diminuir a distância entre a disciplina escolar da disciplina domiciliar. Recomenda-se que a família faça parceria com a escola, fortalecendo atitudes e limites, que certamente seus filhos necessitarão para conviverem bem na sociedade. Percebe-se então que os pais devem:

- Determinar limites aos filhos, levando-os a cumpri-los;
- não oscilar entre a permissividade e o autoritarismo, fundamentando o “não” que é dito; 
- não acobertar erros dos filhos;
- determinar sanções que possam ser cumpridas;
- dispensar o condicionamento prêmio-castigo;
- falar sempre a verdade;
- incentivar os filhos a participarem de atividades físicas;
- orientar os filhos para uma postura crítica diante das informações recebidas;
- atribuir responsabilidades sem resolver os problemas para os filhos;
- lembrar sempre que o tempo que passam com os filhos deve ser bem aproveitado;
- valorizar a escola e os estudos;
- estimular o gosto pelo conhecimento;
- acompanhar sempre a vida escolar do filho;
- estar preocupado com a qualidade de ensino, buscando um ensino democrático. 

Os pais devem criar condições e garantir aos filhos um ambiente propício para os estudos, estabelecendo juntos o tempo necessário para a realização das suas tarefas escolares, cuidando-se para que a agenda diária não seja sobrecarregada.
Assim fazendo, os pais estarão construindo com seus filhos, uma organização disciplinar que muito os ajudará ao ingressar no sistema educacional formal, pois a participação da família, torna o trabalho da escola eficaz, sobretudo quando os ideais de ambos são convergentes. 
Torna-se impossível estabelecer valores e limites para filhos de famílias que não prega a disciplina no seu lar. Não é possível educar para a verdade e para a ética quando os exemplos de casa são de negação disso tudo.

A Escola: É de suma importância que a escola tenha definida as suas funções sociais, deixando explícito para a comunidade escolar o seu projeto educacional, haja vista que o Projeto Político Pedagógico da instituição escolar, deve ser fruto do trabalho coletivo da comunidade em que a escola está inserida.
O ideal é que se unam os esforços, para empregar a energia com o objetivo de despertar no aluno o sentido para o que faz, despertar também as formas de participar ativamente do seu próprio crescimento. 
Diante disso, o trabalho da escola, deve ser direcionado numa única linha de ação, que envolva positivamente todas as pessoas responsáveis pelo desenvolvimento do processo educativo, pois é evidente que o problema da indisciplina não é de um só professor, mas do conjunto de profissionais que formam a equipe pedagógica da escola. 
Convém, no entanto, que a escola se auto questione, com o objetivo de rever constantemente seus parâmetros, para que não sejam estabelecidos limites que não correspondam as reais necessidades de um ou outro ou do grupo envolvido no processo educativo.
Vê-se a necessidade da instituição dar créditos a seus profissionais, oportunizando-lhes um trabalho responsável, criativo e feliz, tornando-lhes educadores realizados no contexto educacional.
Destaca-se ainda como responsabilidade da escola o uso do bom senso e a flexibilidade na aplicação das normas e sanções, o trabalho permanente junto às famílias, envolvendo-as em todas as atividades da escola e especialmente nas principais decisões que porventura necessitem serem tomadas.
Faz-se necessário, que a instituição escolar, tenha um olhar mais adiante, promovendo atividades extraclasses, envolvendo a participação efetiva de todos nesse processo e nesse contexto educativo. 
Pode-se então, dizer que a escola é o único lugar que garante efetivamente a relação de cidadania. Nela a criança o jovem pode estabelecer pactos, contratos, relações sociais, não se limitando a sua singularidade de ensinar a ler, escrever, fazer contas, raciocinar...

O Professor: Diga-se de passagem, que muitas são as influências externas que refletem na indisciplina na sala de aula, porém o educador tem que sair da posição defensiva e partir para a autocrítica, para a reconstrução da sua proposta pedagógica, pois ele é o coordenador do processo ensino-aprendizagem, devendo assumir seu papel na transformação da realidade. De acordo com Vasconcellos (1993, p. 60) “Só se pode transformar a realidade a partir do momento que se assume a existente”. 
Assim, para realizar um trabalho transformador é preciso que o professor tenha:
O professor precisa conquistar a confiança e o respeito da classe, para que possa tornar-se seu legítimo organizador.
Deve também resgatar valores do passado, estando sempre aberto aos valores emergentes, em função das necessidades colocadas pelas contradições sociais, políticas e econômicas.
O educador precisa orientar seus alunos, levando-os a ver que o estudo também é um trabalho e poderá também exigir dos mesmos sacrifícios, privações, necessidade de concentração, atenção, dedicação, autocontrole, mas, também tem grandes momentos de prazer advindos de todo o esforço dedicado. 
É fundamental que o professor promova em sala de aula a partilha das responsabilidades, fazendo com que o aluno sinta-se co-responsável pela organização do seu espaço educativo, também  deve oportunizar novos vínculos de conhecimentos e relacionamentos, procurando conviver com os alunos fora do contexto escolar.
O professor mediador propiciará momentos de reflexão, análise, debates e avaliação periódica de todo o processo, para que não perca sua significação e objetivos de acordo com o contexto onde esteja situada a instituição escolar.
Percebe-se a satisfação do professor, quando pode contribuir de forma efetiva na formação dos alunos, por outro lado, percebe-se também a aflição quando as famílias, equivocadamente, se eximem de qualquer responsabilidade e controle na educação dos filhos, acreditando que a solução mágica é matricular o filho em uma boa escola. 

O Aluno: Destaca-se que o aluno precisa aprender a conviver democraticamente, sem abrir mão da sua dignidade, do seu valor e nem passar por cima dos outros, para alcançar seus objetivos.
Sabe-se que ao conviver com outras pessoas, o aluno potencializará seus conhecimentos e, portanto, se desenvolverá com maior qualidade. Assim, o aluno deve colaborar com a construção da disciplina, respeitando a equipe escolar, participando ativamente na construção das normas.
Faz-se necessário, que seja oportunizado ao aluno um trabalho educativo, que lhe permita conquistar sua auto-estima, que é um sentimento que faz a pessoa gostar de si mesma, apreciando o que faz e aprovando suas atitudes. 
Finalmente unidos, os alunos poderão lutar por melhores condições de ensino e desenvolverão como conseqüência a autodisciplina.

Assim acontecendo, o trabalho educativo, se processará através da disciplina ativa, interativa, coletiva e consciente, marcada pelo respeito, responsabilidade, construção do conhecimento, interação, participação, formação do caráter e da cidadania.


Relembre o primeiro e o segundo artigo, respectivamente: 
http://www.csc.g12.br/blog/29-o-que-e-disciplina%20vamos-pensar-um-pouquinho
http://www.csc.g12.br/blog/30-fatores-causadores-da-indisciplina

 

Maria do Carmo Souza Martins 
Coordenadora Disciplinar do CSC



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